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Indígenas buscam estratégias para erradicar o infanticídio nas aldeias

Diário de Cuiabá - acervo-socioambiental.diariomaranhense.net
15 de Ago de 2008

Líderes indígenas se reúnem neste final de semana, em Brasília, para discutir estratégias de como erradicar o infanticídio, prática recorrente em pelo menos 19 povos indígenas brasileiros. O debate acontece durante o 1o Seminário do Movimento Indígena contra o Infanticídio, liderado por um sobrevivente desta prática. O encontro tem o apoio da ong Atini - Voz pela Vida, que atua na defesa dos direitos das crianças indígenas.

Durante os dois dias também serão definidas ações que sensibilizem deputados federais a votar pela aprovação do projeto de lei 1057/2007, do deputado Henrique Afonso (PT-AC). Batizado como Lei Muwaji, em homenagem a coragem da indígena Muwaji Suruwahá em enfrentar os costumes de sua tribo em prol de sua filha com paralisia cerebral, a Lei, se aprovada, vai garantir que os direitos das crianças indígenas sejam protegidos com prioridade absoluta, de acordo com a Constituição Brasileira, o Estatuto da Criança e do Adolescente, e todos os acordos internacionais de Direitos Humanos dos quais o Brasil é signatário.

"A realidade dentro aldeias é outra. Hoje, há o à informação e isso tem alterado a nossa visão de mundo. Já não somos meros objetos de estudos, mas protagonistas de nossa própria história. Não abandonamos as riquezas de nossas culturas, mas somos capazes de distinguir entre o que é bom e o que é danoso à vida e à cultura indígena. Não aceitamos o infanticídio como prática cultural justificável, não concordamos com a opinião equivocada de antropólogos que têm a pretensão de justificar estes atos e assim decidir pelos povos indígenas, colocando em risco o futuro de etnias inteiras", afirma o líder indígena e antropólogo Edson Bakairi.

Bakairi é um dos sobreviventes que está liderando o encontro. Abandonado no mato logo depois do parto, foi salvo por suas irmãs, que cuidaram dele às escondidas. Hoje, é um dos principais nomes indígenas na luta a favor das crianças em situação de risco de infanticídio.

Estima-se que mais de 200 crianças indígenas de várias tribos são rejeitadas por suas comunidades, condenadas à morte por serem portadoras de deficiências físicas ou mentais, por serem gêmeas, ou filhas de mãe solteira. Por estas razões são enterradas vivas, envenenadas ou abandonadas na floresta. Muitas são recém-nascidas, outras são mortas aos 3, 5 e até 11 anos de idade.

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