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15 de Mai de 2025
Desmate em queda, degradação em alta
Estudos mostram baixa na destruição de florestas e enfraquecimento da amazônia; urge instituir plano para crise do clima
15/05/2025
Levantamento realizado pela rede MapBiomas, divulgado na quinta-feira (15), mostra avanços importantes no combate ao desmatamento, após uma quadra de retrocessos sob Jair Bolsonaro (PL).
Desde o início da série histórica do estudo, em 2019, o Brasil destruiu uma área florestal do tamanho da Coreia do Sul (9,9 milhões de hectares), sendo que 67% dela está na Amazônia Legal.
Entre 2023 e 2024, verificou-se queda de 32,4%, de 1,8 milhão de hectares para 1,2 milhão desmatado. Ademais, pela primeira vez nos últimos seis anos houve redução ou estabilidade (caso da mata atlântica) em todos os biomas.
A amazônia, que liderava em território desmatado até 2022, quando atingiu 1,2 milhão de hectares, ou para o segundo lugar em 2023 (454,2 mil hectares) e manteve a posição em 2024, com 377,7 mil -queda de 16,8%.
Já no cerrado, deu-se o contrário. Logo atrás da amazônia em 2022 (662,1 mil hectares), foi a 1,1 milhão no ano seguinte e caiu para 652,1 mil em 2024.
Mesmo com redução de 41,2% desde 2023, o bioma concentrou mais da metade (52,5%) da perda florestal em 2024, que foi puxada pela região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), responsável por 75% do seu desmatamento.
A pesquisa indica, contudo, que é possível aliar agronegócio, no qual o Brasil é referência global, e sustentabilidade -em Goiás, um dos maiores produtores do setor, a queda foi de 75%.
A mata atlântica teve leve alta de 13,2 mil hectares em 2023 para 13,4 mil no ano seguinte. Ressalte-se, aí, o papel da mudança climática. Em 2023, só 150 hectares foram destruídos por eventos extremos; em 2024, esse número saltou para pouco mais de 3.000.
A crise do clima também se relaciona a outro problema: a degradação, que enfraquece a floresta sem destruí-la por completo. Nesse ponto, a amazônia sofre. Estudo conjunto entre Inpe, USP e instituições do Reino Unido e dos Estados Unidos apontou queda no desmatamento do bioma, de 54,2% entre 2022 e 2024, mas alta de 163% da degradação florestal.
Aberturas de estradas e de garimpos, por exemplo, elevam a incidência de sol e vento, ressecando a vegetação. Com altas temperaturas e estiagens severas, florestas ficam mais inflamáveis -foram registrados 140,3 mil focos de calor na amazônia em 2024, o maio número desde 2007.
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda deve um plano de mitigação (reduzir o impacto do aquecimento) e adaptação (criar resiliência aos seus efeitos) para a crise do clima. Segundo a ONU, há déficit global no financiamento do segundo aspecto, mas isso não exime o Brasil de conduzir iniciativa efetiva nesse sentido.
Em relação ao desmate, é preciso perseverar na curva descendente, levando em consideração diferenças regionais e de atividade. Se 97% de toda área destruída desde 2019 se deve à agropecuária, 99% da área devastada por garimpo situa-se na amazônia.
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